terça-feira, 27 de maio de 2008

HUMANISTAS SE POSICIONAM CONTRA PROJETO DE "ESCUDO ESPACIAL" AMERICANO

O projeto de DMN dos Estados Unidos das Américas - seu sistema de defesa de mísseis nucleares - é muito complexo e envolve a produção de novas armas bem como a instalação de bases militares em diferentes partes do planeta. Em especial, na Europa, o primeiro passo é instalar um sistema de radar na República Checa, assim como uma base de interceptação de mísseis na Polônia.

É evidente que as reações dos governos da Rússia e da China recriam uma atmosfera de "guerra fria". As tensões internacionais têm aumentando e uma nova corrida armamentista (convencional e nuclear), foi reiniciada.

Ainda que o projeto da administração Bush se apresente como uma defesa da ameaça de mísseis do Irã ou da Coréia do Norte, nós o vemos como uma primeira arma de ataque para permitir aos EUA iniciar um ataque nuclear contra qualquer país do mundo. A instalação deste sistema é o primeiro passo para o controle militar americano sobre o espaço. Tal como Noam Chomsky argumenta, "a instalação por parte dos Estados Unidos de um sistema de defesa antimísseis no Leste Europeu é praticamente uma declaração de guerra, um instrumento de dominação mundial."

Somos solidários aos dois corajosos jovens humanistas checos Jan Tamas e Jan Bednar que, desde 13 de maio de 2008, se encontram em greve da fome em Praga para pedir que a vontade dos dois terços da população checa seja respeitada e a instalação de uma base militar dos EUA em território checo seja submetida a um referendo, instrumento essencial de toda democracia real. Muitos outros estão se unindo a esse protesto em toda a Europa e no mundo inteiro, por meio de jejuns, protestos e ações comuns mais enérgicas

Num momento de crise mundial, em que milhões de seres humanos carecem da possibilidade de se alimentar, é irresponsável gastar centenas de milhares de milhões de dólares com a guerra e com a produção de novas armas. É aberrador o aumento dos gastos militares nos últimos tempos, assim como o acordo da OTAN com os EUA no seu projeto belicista.

Em um momento tão difícil na história mundial, as pessoas comuns não apoiam nenhuma política que empurre o planeta para a catástrofe. Deve converter-se em tarefa de cada pessoa corajosa fazer todo o possível para evitar uma possível guerra nuclear e, portanto, impedir o governo dos Estados Unidos das Américas de exercer o controle militar e nuclear sobre o espaço.

Além disso, parece-nos uma piada e uma grosseira manipulação por parte de grandes instituições financeiras, como o Banco Mundial, liberar várias centenas de milhões de dólares para estabilizar os preços dos alimentos, sabendo que esses montantes não constituem nem o 0,1 por cento dos gastos anuais mundiais para armamentos!

É tempo para que todos os povos do mundo peçam com força que esta vergonha se acabe, para que a produtividade e a criatividade da espécie humana sejam investidas em superar a dor e o sofrimento humano, em vez de produzir ganhos para uma minoria que pretende controlar totalmente o planeta.

Apelamos a cada um dos governos do planeta que tomem uma posição clara e decidida, negando-se a apoiar o projeto do escudo espacial porque ameaça a paz e a convivência dos povos da nossa Terra e porque ameaça até mesmo a própria sobrevivência da nossa espécie. Pedimos que cada governo do mundo expresse seu rechaço decidido à tentativa do governo dos EUA de dominar o planeta e a humanidade inteira e que se ponha de acordo com um plano de desarmamento proporcional e simultâneo nos diferentes países do mundo.

Não queremos novas bases militares ou ampliação das já existentes, nem na Europa nem em outras partes do mundo. Queremos a eliminação de todos os arsenais nucleares, como um primeiro passo para o desarmamento total do nosso planeta.

É tempo de realizar o sonho milenário dos melhores dos nossos antepassados, é hora de ouvir as vozes dos bilhões de homens e mulheres da nossa Terra. Que as melhores aspirações dos seres humanos sejam realizadas e, finalmente, a não-violência seja o comportamento dominante, fazendo-se a paz.

27 de maio de 2008

Giorgio Schultze, Itália Europeu
Porta-voz do Novo Humanismo

Ivan Andrade, Moçambique
Porta-voz do Humanismo em África

Chris Wells, E.U.A.
Porta-voz do Novo Humanismo na América do Norte

Sudhir Gandotra, a Índia
Porta-voz do Novo Humanismo na Ásia-Pacífico

Tomas Hirsch
Porta-voz do Humanismo na América Latina

Como primeiro passo, convidamos todos os simpatizantes a assinar a petição on-line, que se encontra em www.nonviolence.cz.

Até o momento, existem cerca de 17 mil assinaturas de todos os países do mundo, além dos oriundos da República Checa, e certamente nós podemos aumentar muito esse número se tomarmos esta questão como prioridade em todas as partes do mundo.


Movimento Humanista

Edição e Tradução Conselho 136

terça-feira, 15 de abril de 2008

APRESENTANDO O MOVIMENTO HUMANISTA

O Movimento Humanista é um conjunto de pessoas de várias idades, credos e raças unidas por uma nova sensibilidade e pela crença na existência pautada pelos seguintes princípios: visão do ser humano como valor central, não-violência ativa e não-discriminação.

Os aderentes a essa nova visão querem atuar na construção de metodologias e propostas de ação destinadas a mudanças pessoal e social simultâneas, com base nos preceitos de não-violência, não-discriminação e posicionamento do ser humano como valor central.

A atitude não-violenta gera referências que abrem o futuro, arejam possibilidades e tiram os povos de um aparente circuito fechado de ação e reação, a qual muitos pensam estar submetidos.
O grupo surgiu na Argentina, em 1966, idealizado por Silo e outras pessoas que, analisando o processo histórico, chegaram à conclusão de que, com a mudança acelerada do mundo, nenhuma das ideologias até então pensadas estava em condições de dar uma resposta adequada à mencionada crise.

Hoje os humanistas se espalham por mais de 120 países, em todos os cinco continentes do globo, e buscam agir pautados num novo pensamento, voltado à superação da dor e do sofrimento humano pelo resgate do melhor das diversas culturas e da história humana.

A filosofia de vida humanista prega que todo ser deve agir, pensar e sentir no mundo, em direção a valores como: virtudes específicas de cada um, força do conjunto, reciprocidade e a verdadeira solidariedade.

Nós, humanistas estamos conformando as bases para uma verdadeira transformação pessoal e social. Perseguimos a construção da Nação Humana Universal em substituição aos mitos de dinheiro, pragmatismo e falta de sentido da época atual.

As propostas HUMANISTAS se centram em 5 pontos básicos:. O ser humano como valor central.. A afirmação da igualdade de oportunidades para todos.. O reconhecimento da diversidade pessoal e cultural.. A afirmação da liberdade de idéias e crenças.. O rechaço a todo tipo de violência e discriminação.

Estas propostas configuram um estilo de vida e um modo de relação inter-pessoal, que pode ser resumido na frase:
“Trata aos demais como queres que te tratem!”

quinta-feira, 10 de abril de 2008

O HUMANISMO VAI À PRAÇA DE MAIO CONTRA GREVE DOS AGROPECUÁRIOS

“Não haverá progresso se não for de todos e para todos”

Com essa frase de Silo, o Movimento Humanista e o Partido Humanista se somaram ao ato em apoio à postura do governo da Argentina diante da greve do setor agropecuário do país. Essa posição foi declarada por Guillermo Sullings, Porta-voz do Movimento Humanista na Argentina, e Luis Ammann, Secretário Geral do Partido Humanista (PH).

Sullings disse que o Humanismo denuncia a violência econômica com que os grandes latifundiários e produtores de soja extorquem toda a população por meio dessa greve. Os manifestantes humanistas se concentraram em Lavalle e Talcahuano para, em seguida, marchar pela Diagonal Norte até a Praça de Maio de Buenos Aires.

Sobre a decisão do Partido Humanista de acompanhar esta marcha, seu secretário-geral e ex-candidato à presidência, Luis Ammann, explicou: “É um momento sobre tudo de grande confusão à boa parte da população e aí tem que estar o humanismo para dar suporte, por meio de esclarecimento. Convocamos o povo e nos mobilizamos com tudo o que temos em apoio a um governo que tem postura correta quanto à visão em favor da América Latina, que tem sido prejudicada por Sociedade Rural, Igreja, meios de difusão que respondem a essas “instituições” e o beneplácito dos militares que não querem mais julgamentos de seus pares”.

Quanto à atitude dos dirigentes das Federações em greve, Ammann explicou: “Os porta-vozes do campo têm sido discriminadores e deixam claro que estão motivados por um antiperonismo, que surge das profundidades da paisagem de formação de quase metade do povo argentino. Muitas críticas de alguns personagens foram feitas como ataque a uma pessoa que tem duas características molestadoras a eles: as de ser mulher e peronista. Os argentinos não podem permitir que se volte a dividir nossa sociedade como em 1955. Temos que atuar para impedi-los e nossa arma é o esclarecimento”.

Por outro lado, Amman destacou que a direita não quer o desenvolvimento da aliança latino-americana que vem se afirmando paulatinamente, Ao contrário, segundo ele, a elite executa o Plano Colômbia II, que procura acelerar planos em marcha contra Bolívia, Venezuela e Equador. Colateralmente, inclui-se a necessidade de desestabilizar o governo argentino para que “entre em acordo” ou, eventualmente, seja levado por vazio de poder. “Para isso, é indispensável soterrar a figura presidencial”, afirma Ammann.

O secretário-geral do PH esclareceu que sua presença na Praça não significou que os humanistas apóiam permanente o governo argentino, mas sim, que pretendem dar todo o apoio necessário para que o país não retroceda a uma situação impensável. “Tão pouco, essa ação significa ignorar a situação dos pequenos produtores que necessitam de uma política agrária diferenciada e uma atenção particular para que possam sair da situação que lhes foi criada pelo governo de Menen. Estamos com os pequenos produtores, com o trabalhador rural e com o povo argentino que precisa de abastecimento”, esclarece.

Dessa maneira, e pela primeira vez em sua curta história, o Partido Humanista participou de um ato em apoio ao governo vigente. O discurso do PH, nas circunstâncias atuais, é o seguinte: “Sim ao governo eleito! Sim aos pequenos produtores rurais! Não aos golpistas da Sociedade Rural! Não aos grandes produtores de soja! Não aos investidores estrangeiros do campo!”Segundo consenso do Movimento Humanista, “Não haverá progresso se não é de todos e para todos”, em clara alusão aos privilégios que pretendem os grandes agricultores.

Fonte: Redação Nación Humana

10 de abril de 2008.

terça-feira, 8 de abril de 2008

MOBILIZAÇÃO HUMANISTA RELEMBRA 40 ANOS DA MORTE DE LUTHER KING

Conselhos do Movimento Humanista do Brasil realizaram, no último dia 04, uma homenagem a Luther King em lembrança aos 40 anos de sua morte. O ato foi organizado em conjunto com o Movimento Negro e teve, na abertura, o discurso da vice-cônsul dos Estados Unidos. Segundo os humanistas, a idéia inicial era dar início ao ato com militantes negros, passar um vídeo sobre a não-violência e depois falar de Silo, convidando os presentes a verem cenas do parque de Caucaia.

Refletindo poucos dias antes, os organizadores do evento concluíram que seria boa idéia convidar o consulado dos EUA para o ato, como oportunidade de aclarar o ponto de vista do movimento de ser contra a guerra, não contra os povos. Além disso, o povo americano tinha a possibilidade de se conectar a seus líderes e movimentos não-violentos para dar suporte ao pedido de não-violência no mundo.

No dia seguinte ao convite, os EUA responderam dizendo que enviariam ao ato a vice-cônsul americana no Brasil, uma mulher simpática que, como mãe, talvez não quisesse ver seu filho numa guerra, ainda que sem poder expressar sua opinião.

As portas do MH se abriram com relação ao consulado dos EUA, inclusive, para fazer trabalhos conjuntos sobre a discriminação racial e a não-violência. Porém, o mais importante foi o exercício que o Movimento Humanista fez de aclarar seu ponto de vista para si mesmo, aos americanos e a toda a gente que participou do evento. Estavam presentes 35 pessoas, das quais 25 eram líderes do movimento negro, incluindo lideranças de religiões evangélicas e afro-brasileiras.

Mas, acima de tudo, foi importante o registro das pessoas com relação a Silo. Depois do vídeo sobre a não-violência apresentado, dois líderes religiosos convidados a falar nesse momento disseram que Silo era um grande homem e agradeceram por terem conhecido a história dessa pessoa iluminada que lutava pela não-violência. Por fim, um mensageiro convidou as pessoas a verem as transmissões de Caucaia, e muita gente se aproximou dizendo que queria ir ao parque para receber maiores informações sobre o local e realizar atividades conjuntas com o Movimento Humanista.

O objetivo de atrair cobertura televisiva ao ato não foi alcançado. Isso porque, depois da confirmação da presença do consulado dos EUA à ocasião, houve auto-censura do Movimento Humanista, baseada no temor de comprometer a imagem do conjunto. Depois, soube-se que todos os grandes canais de TV haviam veiculado grandes reportagens sobre Luther King enquanto transcorria o ato humanista, sendo que, se tivesse havido a tentativa, com certeza, o espaço na mídia teria sido obtido. No próximo ano, segundo os humanistas afirmaram após acordo o Movimento Negro, haverá uma mobilização ainda maior para que se possa atrair a atenção da imprensa em geral.

08 de abril de 2008.

Movimento Humanista

Edição e Tradução Conselho 136

terça-feira, 25 de março de 2008

Solidariedade ao povo tibetano e uma saída válida para toda a Humanidade

Frente aos acontecimento destas semanas no Tibet, as Regionais Humanistas e todos os humanistas de Europa, Ásia, América Latina e América do Norte condenam a violência e a repressão sangrenta por parte do regime da República Popular da China, contra os manifestantes de Lasa e muitas outras cidades tibetanas.

Estamos diante de acontecimentos análogos à repressão violenta desatada na Birmânia contra os monges budistas e a população desarmada, com mortos, feridos e fechamento de toda forma de informação interna e internacional.

Ao mesmo tempo, denunciamos a política dos EUA e de grupos armamentistas, próximos ao presidente Bush, por fomentarem, com base em interesses particulares, ações de separativismo e desestabilização entre populações de todo o mundo, arraigando-se em sentimentos profundos de identidade nacional, como em Kosovo e Sérvia, ou em Palestina e Israel, e fomentando uma divisão por interesses econômicos, como acontece na Bolívia.

Não será a voz dos políticos interessados na divisão e no enfrentamento que poderão abrir o futuro neste momento difícil. As questões fundamentais são: a defesa das raízes históricas de cada povo, o reconhecimento do direito de praticar as próprias crenças, religiões e culturas, e, sobretudo, obter uma saída diferente e válida como exemplo para toda a humanidade.

A separação de uma nação ou de um região pode ter sentido se os códigos, as ações, as intenções, não chegam a formas de isolamento ou de regressão, a formas antigas, que não na direção da humanização das relações entre os povos, até o real reconhecimento das diversidade e a real integração das culturas, nações e regiões que querem representar vanguardas na formação da Nação Humana Universal.

Para iniciar um processo realmente novo, é necessária a via da não-violência, porém isso necessita de uma cultura projetada para o futuro, um olhar do ser humano sem discriminação entre raças, com iguais oportunidades entre homens e mulheres, sem castas ou classes sociais, e capaz de priorizar o processo acima do interesse político imediato.

Como humanistas, pedimos aos governos, e líderes das facções opostas que se sentem para ouvir as diferentes necessidades e propostas e, entre a visão centralista e a nacionalista, tentem uma saída diferente, inventem uma saída a partir da visão “humanista”.

Precisamos de novos elementos interpretativos para compreender a complexidade dos fenômenos sociais atuais. Precisamos de paciência histórica para abrir este diálogo tão importante e urgente para toda a humanidade. Por isso, os humanistas vêm, por meio dos porta-vozes regionais e de uma delegação internacional das regiões Europa, América do Norte, América Latina e Ásia, propor-se a apoiar a mediação cultural entre o governo chinês e os líderes tibetanos.

Sem esse diálogo e essa perspectiva de construção, as mesmas relações internacionais entre China, EUA, Rússia e Europa, com seus mesquinhos interesses, poderiam producir um choque irreversible.

Aqui não estão em discussão as Olimpíadas, mas sim a possibilidade de dar uma resposta coerente à toda humanidade. Aqui estamos com humildade e esperança, juntos com todos os construtores de uma nova humanidade não-violenta.

Giorgio Schultze
Porta-voz Europeu do Novo Humanismo

Tomás Hirsch
Porta-voz do Humanismo para a América Latina

Sudhir Gandotra
Porta-voz do Novo Humanismo na Ásia-Pacífico

Chris Wells
Porta-voz do Novo Humanismo na América do Norte

segunda-feira, 17 de março de 2008

Ato contra as Guerras em São Paulo. Mobilização mundial - 5 anos da invasão do Iraque. América Latina sem Guerras e sem Violência

Dia 19 de março - a partir das 13h- na Praça Ramos - em frente ao Teatro Municipal.

Diversas organizações e manifestantes realizam na próxima quarta-feira, dia 19 de março de 2008, o ato contra as guerras, na Praça Ramos de Azevedo, em frente ao Teatro Municipal. O ato faz parte da mobilização mundial pelo fim da invasão do Iraque pelas tropas norte-americanas, que completa 5 anos, e será realizada em mais de 40 cidades ao redor do mundo. Neste ano, além da reivindicação pelo fim da ocupação do Iraque, a mobilização tem o caráter de protesto contra a ação militar do governo colombiano (Álvaro Uribe), realizada no início do mês e apoiada pelo governo George W. Bush. Os manifestantes recolhem um abaixo-assinado para pedir a aplicação de sanções internacionais contra o governo colombiano de acordo às resoluções da OEA - Organização dos Estados Americanos (ver abaixo).

"Neste ano, a manifestação inclui mais um ponto de reivindicação e protesto: contra a ameaça da política militar do governo colombiano, apoiada pelos EUA, contra seus vizinhos do Equador e da Venezuela. Os povos da América Latina pedem que o continente continue sem conflitos bélicos e sem guerras entre países", afirma Alexandre Sammogini, jornalista, coordenador do Movimento Humanista e um dos organizadores do ato em São Paulo.

"O presidente de Colômbia, Álvaro Uribe, ao se associar estreitamente ao presidente Bush, não soube trazer a paz a seu próprio país e quer exportar sua lógica de guerra à região. A incursão armada de Uribe e a matança realizada em território equatoriano são inaceitáveis e devem ser sancionadas pela comunidade internacional", afirma Tomás Hirsch, chileno, porta-voz do humanismo na América Latina.No ano passado, o ato em São Paulo foi realizado na Praça Patriarca com uma ciranda pela paz SPTV Globo - http://www.youtube.com/watch?v=vBjgHyNZ9Yo

Neste ano haverá uma performance com a presença de bonecos e atores que representam "Bush e Uribe" (por volta das 14h30)

Modelo de Abaixo-Assinado Aplicação de sanções internacionais contra o governo da Colômbia

Nós brasileiros exigimos a condenação do governo da Colômbia (presidido por Álvaro Uribe) por crime de guerra e a aplicação de sanções internacionais previstas para o caso devido à intervenção militar em território equatoriano no último dia 2 de março de 2008, inclusive com a perda de comando do governo colombiano sobre suas forças armadas.

A acusação é baseada no seguinte dispositivo de Segurança Coletiva da Carta de Organização dos Estados Americanos, Capítulo VI:

Artigo 28"Toda agressão de um Estado contra a integridade ou a inviolabilidade do território, ou contra a soberania, ou a independência política de um Estado americano, será considerada como um ato de agressão contra todos os demais Estados americanos"

Artigo 29 "Se a inviolabilidade ou a integridade do território ou a soberania ou a independência política de qualquer estado americano forem atingidas por um ataque armado... ou por qualquer outro fato ou situação que possa pôr em perigo a paz na América, os Estados americanos em obediência aos princípios de solidariedade continental, ou de legítima defesa coletiva, aplicarão as medidas e processos estabelecidos nos tratados especiais existentes sobre a matéria"

Para maiores informações, falar com Fabíola, pelo telefone: (11) 8646-0332

sexta-feira, 7 de março de 2008

FESTA DE LANÇAMENTO DA REVISTA ORÍGENES

No próximo dia 13 será lançada a revista Orígenes, o mais novo impresso de integração sócio-cultural da América Latina, que trará diversos assuntos de interesse do povo latino, divididos nas seções temáticas de: arte e cultura, economia, política, meio ambiente, saúde, educação, mídia e tecnologia. Farão parte do desenvolvimento dessa forma inovadora de jornalismo: designers, jornalistas, fotógrafos e outros profissionais comprometidos com a produção de um veículo de comunicação com linha editorial abrangente e inspirador de idéias como não-violência, defesa dos direitos humanos e transformação da sociedade a partir da cidadania. A organização da revista prevê que, a princípio, seu lançamento ocorra simultaneamente em cinco das mais importantes cidades do Brasil: São Paulo (SP), Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (BH) e Porto Alegre (RS). A intenção do Movimento Humanista, idealizador do projeto, é que as próximas edições sejam distribuídas para o número máximo de cidades e capitais brasileiras e, inclusive, num futuro próximo, a revista chegue a ser editada também em outros países latinos. A festa de lançamento da Orígenes será ocasião para a apresentação dos objetivos fundamentais da publicação, bem como a exaltação da cultura da América Latina, na forma de música, poesia e outras manifestações artísticas originárias das nações desse continente. Para dar ainda mais expressão a esse encontro da diversidade cultural e da integração regional, estará presente o Teatro União e Olho Vivo, representado na pessoa de César Vieira.

FESTA DE LANÇAMENTO DA ORÍGENES
Local: Rua Deputado Lacerda Franco, 526, frente ao supermercado Mambo
Data: 13 de março de 2008
Horário: a partir das 20 horas

POSICIONAMENTO DO MH SOBRE O CONFLITO ENTRE COLÔMBIA E EQUADOR

Aos povos e governos da América Latina

Condenamos energicamente a sanguinária incursão militar do governo colombiano em território equatoriano. O processo de transformações na América Latina está passando por um momento crítico e hoje, mais do que nunca, é necessário acelerar os projetos de união política, econômica e cultural.

Precisamos de paz para a transformação econômica, a recuperação dos recursos naturais e o resgate dos direitos políticos dos povos. Necessitamos que Venezuela, Equador, Bolívia e Nicarágua fortaleçam e consolidem seus processos de transformação, de modo que nós, humanistas da América e do mundo, continuaremos oferecendo nosso apoio com decisão.

Assim mesmo, valorizamos os outros governos da região com clara orientação progressista, e esperamos que aprofundem tal tendência em processos refundacionais, com ampla participação de seus povos. Não são necessárias linguagens beligerantes, nem aventuras bélicas.

O presidente de Colômbia, Álvaro Uribe, ao se associar estreitamente ao presidente Bush, não soube trazer a paz a seu próprio país e quer exportar sua lógica de guerra à região. A incursão armada de Uribe e a matança realizada em território equatoriano é inaceitável e deve ser sancionada pela comunidade internacional.

Porém, esse conflito não será resolvido com ameaças de guerra, nem mobilizações de exército. A Era Bush está próxima do fim e é muito provável que a inteligência e a cordialidade regressem também à América do Norte. Enquanto isso, é preciso unidade, paz, paciência e fortalecimento da ação não-violenta de organizações sociais, políticas e culturais da região.

Quando a integração latino-americana quer avançar, sustentada em processos como os que lideram Evo Morales, Hugo Chávez, Rafael Corrêa e Daniel Ortega, é necessário que as FARC abandonem sua proposta de insurgência armada, libertando todos os seqüestrados, num caminho de pacificação e apoio ao processo de integração latino-americana. Frente à ameaça gerada, ganha mais relevância a decisão de Evo Morales de incluir na nova Constituição o repúdio à guerra como forma de solução dos conflitos. É tempo de essa decisão ser seguida por todos os países da região.

Os movimentos sociais do continente não podem se esquivar da situação atual. O caminho contra a violência exercida pelas instituições econômicas e políticas do sistema não é a guerra nem é a violência. Nossa ação, em todos os casos, deve priorizar a vida, a saúde e a educação da população, sem qualquer outra prioridade. Nossa ação é a unidade do movimento social latino-americano para reduzir o poder do capital e fortalecer a decisão e participação dos povos.

Tomás Hirsch, porta-voz do Humanismo para América Latina
4 de março de 2008

quarta-feira, 5 de março de 2008

PRIMEIRO SEMINÁRIO DO PARTIDO HUMANISTA EM BRASÍLIA

Aconteceu o primeiro Seminário do Partido Humanista no dia 24 de fevereiro, em Brasília. Essa foi uma das iniciativas da proposta do Humanismo de realizar seminários nos estados em que o partido está em processo de formação, para que sejam potencializados e impulsionados os militantes. Participaram de 120 a 150 pessoas, entre lutadores sociais, mulheres, jovens, aposentados e crianças, moradores, trabalhadores, estudantes, sindicalistas e membros de associações ou outros partidos. Os participantes eram oriundos de várias cidades do DF: Samambaia (e bairros), Estrutural, Sobradinho, Ceilândia, Taguatinga, Plano-Piloto (Brasília). Na ocasião, houve a apresentação do local, pelos participantes Agenildo e Mardônio de Brasília, seguida de uma exposição da situação do PH no mundo e de uma síntese do Documento Humanista pelo orientador do Conselho 136, Rogério. Também houve um intercâmbio de grupos e, depois, a apresentação das sínteses das discussões. Foram dados exemplos do Plano de Ação Municipal e a situação atual do PH no Brasil por Alexandre, em microfone aberto. Ao final, houve agradecimentos e a Declaração Humanista, em círculo. O intercâmbio de grupos e suas sínteses foram a parte fundamental do evento e, também, o momento mais emocionante. O espaço de realização do seminário foi decorado com faixas e contava com som, projetor multimídia, lap top e duas filmadoras. Foram distribuídas pastas, e venderam-se canetas e camisetas ao preço simbólico de um real. O encontro foi auto-financiado.

CONCLUSÕES DA COMISSÃO NACIONAL - PARTIDO HUMANISTA (PH)O plano de visitar as cidades e potencializar o desenvolvimento do Partido, construindo suas bases, com formação política e trabalho para a legalização do partido, nos deu a visão de abertura de que necessitávamos para poder consolidar o organismo em outros pontos dando assim uma maior visibilidade ao PH a nível nacional. Intencionamos dar um maior esclarecimento sobre as propostas do PH, quanto a sua origem e sobre o que propomos para consolidar tal ferramenta política no âmbito nacional. Este encontro foi organizado em um prazo reduzido de tempo por meio de conversas antecipadas com os organizadores do lugar, de modo a tornar um consenso a imagem do que gostaríamos de desenvolver no Distrito Federal. A iniciativa de organizar este encontro e receber membros da comissão nacional foi motivada pela ampliação do organismo em todo território nacional e com total apoio dos brasilienses. Sua organização ficou sob responsabilidade dos anfitriões. Desde as faixas, canetas, comida, cadeiras e projetor até o aluguel dos ônibus que vieram de outras localidades. Essa forma proposta para o encontro nos deu a possibilidade de conhecer muitas pessoas, intercambiar nas mesas de trabalho e com uma ótima participação de todos os assistentes, propor idéias e formas de trabalho. O que podemos impulsionar para os próximos encontros, em outras cidades, é a realização de maior difusão nos meios de comunicação local. Agradecemos aos amigos do Distrito Federal e estamos abertos a visitar outros pontos do Brasil.

HUMANISMO NA BOLÍVIA PLANEJA REDE DE INSTITUIÇÕES PELA NÃO-VIOLÊNCIA E POR UMA COMUNICAÇÃO DE INTEGRAÇÃO

Informações enviadas pelo humanista Alan Bravo

O Movimento Humanista da Bolívia apresentou, a diversas instituições, duas campanhas: uma da não-violência e da tolerância, e outra por uma comunicação voltada à integração. O primeiro projeto pretende a realização de oficinas com base em 100 equipes coordenadas e capacitadas por três responsáveis a nível nacional, que alcancem distintos setores da população. A intenção é fazer planejamentos conjuntos com organizações distintas, pela combinação da experiência de algumas ONGs e diferentes entidades estatais que trabalhem com a não-violência. Isso permitirá que se dê maior amplitude à abordagem de temáticas como: violência intra-familiar, seguridade cidadã e conflitos sociais gerados por provocações de alguns setores econômicos. A não-violência tem sido metodologia de ação e atitude de vida e relacionamento, com tolerância no convívio inter-pessoal. Por outro lado, o projeto de comunicação para integração busca fazer incursões em distintos meios de comunicação, como a Revista Terra e programas de televisão e de rádio, produzindo informação e comunicação que busque esclarecer e informar sobre os avanços no processo de transformação social. Esse projeto, ainda que esteja centrado na mídia, é acompanhado de uma série de oficinas sobre a não-discriminação e a integração dos povos, cuja intenção é despertar em outras organizações o desejo de se envolverem em elaborações semelhantes, a partir da sensibilidade da não violência. Foram visitadas instituições, como a ONG Capacitação e Direitos Cidadãos, a Faculdade de Direito que foi sede do II Fórum Humanista Latino Americano, a Assembléia Permanente de Direitos Humanos de La Paz e o Ministério da Saúde (que convidou o movimento a participar de reunião de uma rede de organizações públicas e ONGs sobre a não-violência). Pela receptividade de algumas organizações, foram marcadas reuniões de apoio a projetos de Serviço Social, já trabalhados em oficinas no II Fórum. O vice-reitor da UMSA e a ONG IPAS, que promove respeito aos direitos reprodutivos, também participarão da grande rede. O vice-ministério de Seguridade Cidadã ficou muito interessado em desenvolver, como parte de política pública nacional, as oficinas da não-violência e da tolerância. A Prefeitura Municipal, em sua unidade de gênero e violência, bem como várias Defensorias também foram visitadas. Na próxima semana, haverá reunião para planejar projetos a várias instituições e assistentes dessas redes, entre eles o Ministério da Educação, com quem foi combinado que serão apresentados projetos na próxima semana. Na Comunidade de Direitos Humanos (www.comunidad.org.bo) e no Capítulo Boliviano de Direitos Humanos, redes com mais de 50 organizações nacionais de direitos humanos, cada uma, foram apresentados informativos e o projeto para incorporação do movimento humanista a ambas as redes. O Defensor do Povo, na pessoa de Patrícia Flores, comprometeu-se a apoiar a convocatória de voluntários e ativistas da não violência. Também colaborou com a cessão de seu salão para realização de oficinas de capacitação. A ONG ADES se somou ao projeto com uma Associação Juvenil, e ambas coordenarão atividades aos fins de semana. A organização VIVE também já foi informada dessa grande frente de ação. As atividades estão abertas a quem queira intercambiar experiências e estão só começando.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

SOFRIMENTO NO QUÊNIA: A FACE DO CONFLITO QUE A GRANDE MÍDIA NÃO MOSTRA

QUER MANIFESTAR SUA SOLIDARIEDADE AO POVO QUENIANO
E FAZER ALGO PARA QUE O MUNDO SE MOBILIZE PELA PAZ?

DEPOIS DE LER AS LINHAS ABAIXO, CLIQUE EM POSTAGENS MAIS ANTIGAS PARA VER A POSTAGEM ANTERIOR, ONDE ESTÁ O PASSO A PASSO DE COMO CADA UM PODE PROCEDER PARA AJUDAR NA BUSCA POR UMA SOLUÇÃO AO CONFLITO NO QUÊNIA!

Enquanto os grandes jornais e emissoras de televisão de todo o mundo se ocupam em dar destaque a notícias sobre grandes empresas e interesses econômicos, povos excluídos do avanço social do mundo continuam a morrer sem que se mova uma palha. O conflito gerado por suspeitas de fraudes nas últimas eleições presidenciais do Quênia se tornou uma guerra civil de tamanho inversamente proporcional à atenção que lhe é dada pelos meios de comunicação. Se o leitor, até então, não tinha parado para pensar na situação que atualmente vive o povo queniano, porque achava o fato limitado a uma pequena nota no rodapé do melhor jornal do país, melhor que leia as linhas que seguem. Trata-se de alguns depoimentos de coordenadores do Movimento Humanista do Quênia, que mostram seu sentimento em relação ao caos causado por bandos da mesma terra, divididos para apoiar líderes políticos adversários.

Diário de Charles Juma Onyango, terminado em 02 de janeiro de 2008

Hoje é 27 de dezembro e o povo do Quênia, de todos os níveis sociais levantaram tão cedo quanto umas quatro da manhã para emitirem seu voto, que todos denominaram o voto de mudança. Isso porque, em 2002, votaram por mudanças que, segundo estatísticas, nunca vieram. E, assim, o povo esperou nas filas que, de tão grandes, davam voltas somente para emitir esse voto valioso que, segundo acreditavam, e ainda acreditam alguns, iria mudar seus padrões de vida. As pessoas votaram e voltaram a seus lares ou núcleos sociais para começar a assistir à contagem de votos pela televisão ou escuta-la pelo rádio. No primeiro dia, correu tudo bem, e a contagem favoreceu aquele em quem a gente votou. Ao chegar o segundo dia de contagem, todos começaram a notar certas irregularidades que se mostravam ao diretor da comissão eleitoral do Quênia. No entanto, isso era em vão, pois o velho se limitava a fazer piada sobre as irregularidades observadas. No terceiro dia, a comissão eleitoral começou a expandir o anúncio dos resultados, especialmente os referentes à presidência. Caramba! Está se cozinhando algo no centro de resultados da CEK, em KICC. Estão sendo manipulados os resultados presidenciais. Estão inflando entre 15 mil e 20 mil votos a favor do titular, Sr.Kibai. A gente tem falado sobre o tema com a missão observadora européia, com a estadunidense, incluindo a de commonwealth (aquela baseada nos direitos dos costumes). Ninguém prestou atenção! Ainda é o terceiro dia e toda a nação está ansiosa por saber quem será o próximo presidente. Aquele em quem votaram. Porém, não há notícias ainda. A espera é muito grande e desgraçadamente a forma de expressão é por meio da violência, sendo que o povo começou a destruir as propriedades.

Terrível! Assaltaram um dos maiores supermercados desta zona, em Kisumu. Os saques se instalaram de vez e a destruição violenta, bem como a queima de casas, está encaminhada. Enquanto tudo isso acontece, ninguém quer pensar que isso resultará numa destruição sem garantias, tanto dos seres humanos, como das propriedades.
Geladeiras, televisores, alimentos, tudo foi roubado. Muita gente recebeu tiros e os hospitais estão cheios de feridos. Um dos problemas aqui é que os hospitais têm pouco pessoal para atender às vítimas da violência nesta eleição. Está morrendo um atrás do outro. No quarto dia, a temperatura da violência é alta. A casa do governo pressiona a CEK para que declare Kibaki o vencedor. A oposição, por outro lado, pressiona ainda mais para que sejam recontados os votos para a presidência, à vista dos meios de comunicação e do público! Algo para que a equipe da casa de governo, dirigida pela ministra da justiça e de assuntos constitucionais, não dá ouvidos. Negaram-se, negaram-se reiteradamente. Tem-se ordenado aos meios de comunicação privados que encerrem suas atividades de emissão ao vivo, estocando seus pertences no KICC (centro de Conferências Internacionais do Quênia, por suas siglas em inglês) imediatamente. A temida unidade de Serviço Geral está pronta para que isso se cumpra. A única estação que tem permissão no KICC é a KBC, cujo proprietário é o Estado. Por quê? A CEK deve anunciar agora, imediatamente, que Kibaki venceu o que eles chamam de “uma eleição muito transparente”! Há apenas 20 minutos houve o anúncio da vitória e é feito o juramento em cerimônia na casa do governo. Foi roubada a eleição e devem cuidá-la o mais zelosa e rapidamente possível.

De modo que o outro bando não tenha tempo de se interpor. E é assim como têm sucedido as coisas? Em democracia? Pode ser que sejamos uma democracia, ou não, permita-me pensar um pouco...Que Kibaki venceu a eleição com 30 membros do parlamento contra os 100 de Raila Odinga, é algo que a gente não vai escutar. A conta não faz sentido. Pessoas saem às ruas para protestas e se encontram com a polícia. Dão-lhes tiros a queima roupa, goupeiam-lhes com paus e se instala o caos. Enquanto escrevo esse artigo, escutam-se tiros. Talvez tenham matado um outro, ou dois, ou três, ou quatro e a conta continua. Não sabemos quantos, porém se calcula que umas 170 pessoas morreram, e outras 70 mil tiveram que fugir.

Queimaram-se casas e veículos e nas ruas a loucura continua. As pessoas dizem que foram roubadas nas eleições e juram que não deixarão as coisas assim. Ontem, em Eldoret, mais de 30 pessoas foram queimadas vivas e muitos outros foram mortos nos bairros baixos de Mathare em Nairobi. Oh, meu país! Chorando por ti. Neste momento necessitamos sentarmos juntos e conversar. A única saída é que ambos os bandos guardem seu orgulho e Kibaki declare abertamente uma recontagem de votos. Dessa forma, o povo ficará feliz que o presidente que eles elegeram vença a eleição. Essa é a única segurança de que necessitam. Haverá quem me escute? Essa loucura continuará? Essa parece ser a pergunta que muitos se fazem. Os disparos continuam invadindo o ar. A gente continua chorando. Sairemos dessa, ou a coisa piorará como em Ruanda? Tomara que vocês não tenham lido as manchetes dos diários, que anunciavam em letras de catástrofe: “Trinta e cinco pessoas são queimadas vivas em igreja”.

Carta de Sarah Navalayo Osembo escrita em 17 de janeiro de 2008

Deverão saber que a nostalgia se sente tão fresca como as cenouras do campo (eu que inventei, porém soa lindo, não?) Estou bem, como se tivesse ido ao inferno e voltado dele. Quero que retorne um pouco de normalidade e que minha cabeça se abra outra vez. Porém, os políticos desse nosso país decidiram que a lei deverá ser usada somente para beneficiar eles próprios e que se arrebente o resto da gente. Ainda agora, enquanto estou falando com você, chegou-me um texto de um amigo que está na cidade, onde me diz que os policiais entraram em Tao e estão indo aos escritórios falando para que fechem as portas, e o povo vá para casa, pré-anúnciando violência. O engraçado é que antes de 27 de dezembro tudo isso era uma piada. Claro que sabíamos que as possibilidades eram muitas, porém nenhum de nós antecipou essa loucura, que se converteu em obsessão das notícias internacionais.

Eu estava em Eldoret, vindo para Nai, no dia 29. De repente, as pessoas começaram a escapar de dentro da cidade e, por um momento, tudo parecia surreal. Estava com meu irmão, a esposa de um primo, seus dois filhos e meu primo que está no sexto ano. Com clareza, lembro-me. Nunca pensei que eu estaria envolvida em brigas com a polícia. E não havíamos feito nada. Somente estávamos no lugar e no momento errados. Outro rapaz nos viu e nos disse para entrarmos no seu estabelecimento comercial. Por isso, todo esse assunto tribal me fez pensar. Por que decidiu nos ajudar se, evidentemente, não éramos de sua tribo? Isso me diz que é simplesmente política e que, debaixo dela, somos todos seres humanos que precisam um do outro. Para não tornar a história tão longa, o retorno para casa foi um pesadelo. Encontramos seis piquetes no caminho com jovens pedindo aos gritos sangue kikuyu. Rapazes jovens que apenas chegariam aos 16 golpeando o automóvel, jogando paus e pedras, e incendiando os capôs de carros. Nunca fiquei tão assustada em toda a minha vida. Via a morte nesse dia. A pessoa assim se sente inútil, não importa quem seja, de onde venha, o que sabe ou conquistou. Chega o momento e a pessoa se sente tão só e tem que pedir misericórdia a umas crianças. Antes, havia trabalhado para tribunais e, quando traziam os delinqüentes juvenis, estava acostumada a sentir muita pena por eles. O fato de que se faz a cada um prestar contas de seus atos é muito difícil. Mas, vi como estavam nos aterrorizando e desejei que houvesse uma forma de pagarem pelo que estavam fazendo. A esposa do meu primo é uma Meru. Em um piquete (o pior que encontramos) nos pediram que ela descesse do carro porque era uma Kiu. Deus e o motorista puderam parar essa loucura, porque eles tentaram abrir a porta, mas essa se negou a ceder, e o motorista, que era um kalenjin, os convenceu dizendo que a conhecia. Ainda assim, o homem nos deixou no lugar onde apareceu o seguinte piquete. Era muito maior que o outro e o homem, então, disse que não podia se arriscar a seguir adiante.

Tivemos que caminhar por bosques montanhosos com crianças! E nos arredores estavam os caminhões do Serviço Geral que se dirigiam à cidade. Também estavam os nandi, armados com arcos, flechas e lanças, que também iam à cidade. Encontramos uns NYS que nos disseram para partirmos daquele lugar para tão longe quanto fosse possível. Se houve momento em que rezei, creio que ninguém supera esse dia. Agora creio firmemente nos milagres porque demos a volta na esquina e encontramos um homem que ia até nossa cidade. Outra vez, era um Kiuk e decidiu nos ajudar. Ia buscar sua família, porém disse ao motorista que nos levasse primeiro e desceu. Logo ficamos sabendo que foi morto também. Indo até a estação de polícia vimos mulheres e meninos carregando todos os pertences que podiam. Os homens permaneciam atrás para proteger suas propriedades. Justamente quando partíamos, surgiram do bosque os nandis e atacaram a estação de polícia.

Vi com meus próprios olhos, mas não apareceu no noticiário. Disseram-nos que tudo está bem e que a vida vai voltar a normalidade. A quem querem enganar? Essa noite, nossas cidades locais (Turbo e Mautuma) ardiam pelos incêndios e estavam inundadas de gritos. Queimaram, roubaram e assassinaram. Tudo porque estamos lutando pela democracia, porém sem perguntarmos, em primeiro lugar, que tipo de verdadeiros líderes desencadeariam sobre nossas vidas normais esta anarquia e essa falta de justiça. Somos tontos. “O africano é corrupto de onde se o veja”, como dizia Chinua Achebe. Levei duas semanas escondida atrás de portas para me convencer de que viajar era seguro. Ainda assim, a autopista de Nakuru a Eldoret era algo inexplicável. Não há palavras que descrevam as carrocerias negras dos carros queimados, as árvores cortadas ao lado do caminho para marcar os piquetes, os campos de milho ainda fumegantes, os centros comerciais esmagados por uma Mabati incendiada, enquanto a gente saqueava o que tivesse sobrado, e os incontáveis quenianos que literalmente enchem cada igreja com medo e súplica em seus olhos. Tudo no mesmo país que era Quênia há poucas semanas atrás. Basta de loucura. Essa nação está cheia de indivíduos que a venderiam ao melhor impostor, indivíduos que prefeririam ver a gente morrer com tanto que não declinassem do poder, indivíduos que não aceitariam a derrota caso não fossem os vencedores. Cheguei à conclusão de que estamos malditos. Vítimas de nossas ações, marionetes da elite. Nos matamos uns aos outros enquanto eles vêem os fatos pela televisão. Temos que olhar pra trás constantemente porque nunca sabemos quando virá a polícia e o pior de todo é que somos julgados por nossos nomes e não por nossa personalidade. E ainda chamamos a esse lugar de lar. Não temos outro lugar aonde ir. Essas coisas me enlouquecem. Escreverei outra vez em que não estiver tão louca. Owize, te amo muito e não se apresse em regressar. Até logo.

Movimento Humanista

Edição e Tradução Conselho 136

QUER MANIFESTAR SUA SOLIDARIEDADE AO POVO QUENIANO, FAZENDO ALGO PARA QUE O MUNDO SE MOBILIZE PELA PAZ?

CLIQUE NAS POSTAGENS ANTIGAS E VEJA QUE PASSOS SEGUIR!

SOME FORÇAS AO HUMANISMO PARA SOLUCIONAR CONFLITO NO QUÊNIA

A partir da coordenação do Movimento Humanista no Quênia, trabalham-se proposta e posição para a atual situação no Quênia. O interesse dos humanistas é montar uma campanha internacional para denunciar os dois líderes envolvidos na criação do presente conflito e, acima de tudo, denunciar a responsabilidade implícita dos poderes ex-coloniais. Está em processo de desenho uma campanha que necessita que sua posição seja entregue a embaixadas do Quênia em todo o planeta, governos dos G8, China, UUEE e imprensa.

Ainda será pedido aos humanistas africanos que façam campanhas em seus países, o que poderá ser visto como o começo do fórum africano que deverá se realizar em Nairobi, no mês de maio. Foi criado o site www.hmkenya.org para maiores informações sobre a campanha.
Os quatro porta-vozes regionais concordaramm em firmar a posição que foi definida pela coordenadoria do Movimento Humanista do Quênia. Coordenadores humanistas sentem que a violência está se agravando e temem o futuro. Conforme informações de humanistas estrangeiros, os membros do Humanismo no Quênia já perderam suas casas, e outros fogem de lares queimados para viver em campos de refugiados.

Pede-se, portanto, que seja organizada para a semana que vem uma semana de ações “Emergência Quênia”. O plano conjunto exige que o Movimento Humanista de cada país onde atue envie comunicados de imprensa com a posição do Humanismo, assinada pelos quatro porta-vozes do movimento e destine petições em nome de diferentes organismos, associações e pessoas às Nações Unidas e ao Conselho de Segurança da ONU, autoridades e imprensa queniana. Outra idéia é convocar uma manifestação pelo fim imediato da violência em frente às embaixadas quenianas dos países onde elas existam.

É importante que se convoque um encontro público para expressar solidariedade com os habitantes do Quênia, solicitando às Nações Unidas ações imediatas para deter a violência, e ainda se realize uma cerimônia de bem estar para o povo queniano, fazendo o símbolo da não-violência com velas. Informações sobre ações “Emergência Quênia” praticadas deverão ser enviadas com foto e vídeo para Tony Robinson (info@hmkenya.org), que coordenará a informação e a atualização da página web do Movimento Humanista no Quênia (http://www.hmkenya.org/).

Some-se ao ativismo do Movimento Humanista e envie uma petição (modelo abaixo), juntamente com a nossa posição (posição do Movimento Humanista também logo abaixo), em nome dos nossos diferentes organismos, associações e pessoas, para a ONU e o Conselho de Segutança das Nações Unidas, pelos seguintes endereços:emb@panama-un.org , inquiries@un.org.
Envie, ainda, a petição a instituições, também juntamente com a posição do Movimento Humanista, em nome dos diferentes organismos, associações e pessoas -
Ministro de Assuntos Exteriores do país- Embaixada do Quênia no país: http://www.mfa.go.ke/Kenyamissionsabroad.htmlhttp://statehousekenya.go.ke/missions/africa.htmOtroshttp://statehousekenya.go.ke/missions/africa.htm
E outros contatos como:

UNDP - Mark Malloch Brown - hq@undp.org
OHHCR - Louise Arbour - InfoDesk@unoq.ch
African UnionDirectorio de Paz y Seguridad – Mr. Georfrey Mugumya - dpeace@africa-union.org
Directorio de Asuntos Políticos – Amb. Emile Ognimba - dpolitical@africa-union.org
Oficina Permanente de la Unión Africana en Bruselas - africanunion@skynet.be
Comisión de Derechos Humanos (Gambia) – achpr@achpr.org
Comisión EuropeaPresidente - sg-web-president@ec.europa.eu
Equipo de Comunicación del Sr. Kibaki info@kibakitena.co.ke
Equipo de Comunicación del Sr. Raila Odingamailto:Odingaodmk2007@yahoo.com
Oficina de Comunicación Pública (oficina vocero del Gobierno)comms@comms.go.ke
Prensa KenyanaKTN: news@ktnkenya.com
East African Standard: editorial@eastandard.net
Daily Nation: newsdesk@nation.co.ke

OS MODELOS SE ENCONTRAM A SEGUIR:

MODELO DE PETIÇÃO AO CONSELHO DE SEGURANÇA DA ONU
Petición al Consejo de Seguridad da ONU

4 de febrero de 2008

Estimado representante del Consejo de Seguridad de la ONU,

Me dirijo a Ud. como representante de un miembro del Consejo de Seguridad solicitándole tome acciones en la situación de Kenya que se está empeorando. Como Ud. seguramente sabrá, Kenya se encuentra al borde de una guerra civil y muchas personas ya están hablando de genocidio. La situación es muy similar al genocidio de Ruanda en 1994, que dejó en una semana a casi un millón de personas muertas.

Tengo certeza que Ud. coincidirá conmigo que esta vez la comunidad internacional debe asegurar que semejante cosa no se vuelva a repetir. En mi opinión las Naciones Unidas representan la comunidad internacional y tienen la mejor posición para impedir el aumento de la violencia y para asegurar su cese lo antes posible.

Por lo tanto le solicito tenga a bien tomar acción inmediata en el Consejo de Seguridad con el objetivo de programar una reunión para discutir el tema y aprobar una resolución que le permitiría a la ONU involucrarse más en este asunto. En épocas de crisis, las tropas para el mantenimiento de la paz deberían ser empleadas para prevenir el deterioro de la situación, por lo tanto le solicito considere también esta opción.

Debe encontrarse una solución basada en el consenso y no basada en la acción unilateral de un solo miembro del Consejo de Seguridad puesto que tal situación solamente incrementaría las tensiones internacionales en vez de lograr una estabilidad a largo plazo.
Creo en la misión de las Naciones Unidas de prevenir las guerras y los conflictos, y ahora mismo es el mejor momento para comprobar que las Naciones Unidas están preparadas para cumplir con esta misión.

Adjunto le envío una posición del Movimiento Humanista que creo resume bien la situación y describe la necesidad de una acción inmediata.
Quedo a la espera de vuestra respuesta sobre los pasos que se tomaron y los que se tomarán.

Atentamente,


MODELO DE PETIÇÃO ÀS INSTITUIÇÕES

4 de febrero de 2008

De mi mayor consideración:

Como usted probablemente sabrá, Kenya se encuentra al borde de una guerra civil y muchas personas ya están hablando del genocidio. La situación es muy similar al genocidio de Ruanda en 1994, que dejó en una semana a casi un millón de personas muertas. Tengo certeza que estará de acuerdo conmigo que esta vez la comunidad internacional debe asegurar de que semejante cosa no se vuelva a repetir. Creo que cada ser humano debe hacer todo lo posible por impedir que la violencia se extienda y por asegurar que la paz se instale nuevamente en el país lo antes posible.

Solicito a Ud. que haga todo lo que le sea posible para salvar la vida del pueblo de Kenya. Día por día, decenas de personas están siendo asesinadas por lo que debe tomarse inmediatamente la acción. La violencia se está intensificando y desafortunadamente es posible que en cualquier momento estalle un conflicto con decenas de miles de muertos. Por favor, haga lo que le sea posible para prevenir este conflicto.

Adjunto le estoy enviando la posición del Movimiento Humanista, que creo da un buen resumen de la situación y describe la necesidad de una acción inmediata.
Quedo a la espera de vuestra respuesta sobre los pasos que se han tomado y los pasos que planificar tomar.

Atentamente,

POSIÇÃO DO MOVIMENTO HUMANISTA PARA ANEXAR:

Posição do Movimento Humanista sobre os últimos acontecimentos no Quênia
18 de janeiro de 2008

Para os humanistas de todo o mundo, a continuação dos distúrbios sociais no Quênia é sumamente preocupante. Essa situação, que paira como ameaça desde a independência, chegou ao seu ponto mais crítico, e o povo queniano vive manipulado pelo falso jogo da luta entre tribos. De um lado estão os kikuius e, de outro, os luos. Os humanistas vêem o episódio como uma disputa entre dois homens pelo poder próprio. E acreditam que nenhum deles se deixará deter até que chegue ao topo, com acesso a negociações e controle sobre quem se apossará da maior porcentagem da ajuda financeira internacional.

Esta situação é um legado repugnante da colonização, que envolveu algumas pessoas com favores em troca de dominação. Foram aprofundadas e intensificadas as divisões entre as tribos, e elas passaram a ser caracterizadas com palavras como: ladrão, egoísta, corrupto, promíscuo, etc. Os políticos sabiam bem que o “dividir para dominar” era um caminho fácil para a chegada ao poder. Portanto, hoje, o problema no Quênia não é a luta entre tribos, mas a vasta maioria da população a viver em condições miseráveis, enquanto uma minoria vive em ricos condomínios. Nós, humanistas de todo o mundo, queremos denunciar esse jogo político, direcionando os holofotes aos verdadeiros responsáveis pelo conflito.

Denunciamos os velhos poderes coloniais, que criaram o sistema atual, em que se podem manipular indivíduos e facilmente as verdadeiras questões de pobreza, saúde, educação e uma vida digna são colocadas de lado. Desse modo, o “Neo-Colonialismo” pode prosperar num contexto em que o povo do Quênia tem acesso a poder político, mas os bancos– poder econômico – são controlados por interesses estrangeiros. A África já pagou sua dívida várias vezes. Por que, então, continua pagando? O fato de que os velhos poderes coloniais e os EUA (atualmente os membros do rico ocidente e membros de organizações como a UE e G8) desviam o olhar e não fazem nada, enquanto o Quênia arde em chamas, demonstra sua cumplicidade com os presentes acontecimentos. Vemos uma estratégia ampla de genocídio, implícita nas ações do G8 e cada vez mais forte na China. É conveniente deixar que milhões de seres humanos morram de malária e AIDS quando estas doenças são perfeitamente curáveis e passíveis de prevenção. Também é de interesse dos poderosos fomentar guerras civis para controlar recursos minerais e petróleo, bem como vender armas. Tais mecanismos ainda se utilizam de mão de obra barata e forçada a trabalhar em condições indignas, sem direitos e proteção.

Denunciamos Mwai Kibaki e Raila Odinga, dois homens que poderiam levar mudança para o Quênia e, no entanto, deixam-se manipular, permitindo que seus seguidores saiam armados e a polícia utilize gás lacrimogênio ou balas reais, sem qualquer menção à não-violência para a resolução do conflito.

Fazemos homenagens aos africanos que tentam contribuir com a superação desta situação.

Homenageamos a Julius Nyerere, o último presidente da Tanzânia que, do outro lado da
fronteira com o Quênia, ajudou a construir uma nação que valorizou os seres humanos acima de suas tribos de origem. Agradecemos a John Kufour e Kofi Annan, dois ganeses com profundo interesse em encontrar uma solução não-violenta para o conflito e, também, a pessoas como Graca Machel, da África do Sul, e Benjamin Mkapa da Tanzânia. Fazemos uma homenagem a Nelson Mandela cujo governo demonstrou o caminho da verdade e da reconciliação, processo que esperamos, seja útil ao Quênia do futuro.

Convocamos todos os quenianos a formarem comitês da Não- Violência, locais e enraizados, seguindo o caminho ensinado por Mahatma Gandhi, Martin Luther King e Silo.

Convocamos todos os humanistas africanos a se unirem pelo fim do neo-colonialismo e seu fraudulento e ilegal crédito com o terceiro mundo.

Convocamos os governos africanos a não permanecerem em silêncio, nem fazerem parte do neo-colonialismo. Esperamos que esses líderes mostrem sua solidariedade com o povo do Quênia, rejeitando os pedidos de exportação de armas para o país e impedindo que nele entre armamento. Que se exija o fim da interferência estrangeira nos assuntos da África, para que o continente encontre os próprios meios de resolução de seus conflitos e só sofra intervenção sob determinação da ONU.

Exigimos dos Governos Ocidentais e das multinacionais que ponham fim à exploração da África e deixem de responder a sua busca egoísta por recursos minerais e petróleo.

Exigimos do Conselho de Segurança da ONU, que faça um acompanhamento da situação no Quênia com urgência e volte ao caso a merecida atenção, com o preparativo dos meios necessários a uma rápida intervenção, sendo essa tão necessária ao alcance da paz.

Finalmente, exigimos que sejam permitidos e realizados todos os esforços de mediação e ambos os lados cumpram tal processo. Se a conseqüência dessas ações for a necessidade de novas eleições, os Humanistas do Quênia e a Internacional Humanista se colocam à disposição para ajudar no que a comunidade internacional considere de utilidade.

Pela Internacional Humanista subscrevem este documento,

Giorgio Schultze,
Porta Voz do Novo Humanismo para Europa
Tomas Hirsch,
Porta Voz do Novo Humanismo para América Latina
Chris Wells,
Porta Voz do Novo Humanismo para América do Norte
Sudhir Gandotra
Porta Voz do Novo Humanismo para Ásia e PacíficoPosição do Movimento Humanista sobre os últimos acontecimentos no Quênia

OS AMIGOS QUENIANOS AGRADECEM A TODOS PELA FORÇA! :)

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Os Andinos ventos da mudança

O resultado do Referendo Aprobatório na Venezuela, ao contrário do que noticia a grande mídia, não resulta na derrota de Chávez, mas numa demonstração de que a real democracia caminha a passos largos para a realidade. A vitória do “Não”, segundo o New York Times foi estrondosa, talvez o tenha sido para a direita regressista e conservadora, mas é válido ressaltar que a diferença de votos foi mínima (Não: 50,70% e Sim: 49,29%) e que além das concessões ao Presidente da República os venezuelanos reprovaram com esta reforma temas como redução da jornada trabalhista, ampliação da seguridade social para os trabalhadores informais e o manejo das reservas internacionais do Banco Central.

A proximidade do Presidente Hugo Chávez com os Presidentes Evo Morales e Rafael Correa, deve-se ao fato da mútua aspiração de se construir uma América Latina unida, da necessidade desses países de recuperarem seus recursos naturais e energéticos, e de se lançarem projetos político-sociais que priorizem o bem estar e o resgate da dignidade de seus povos.

Na Bolívia, está sendo elaborada uma nova Carta Magna. Os constituintes da oposição negaram-se a comparecer às sessões da Assembléia Constituinte e muitos saíram de férias para boicotar a votação. Hoje, com apoio da imprensa boliviana e internacional, governadores e constituintes da oposição mantêm o argumento sobre a ilegalidade da nova Carta. Produtores agrícolas ligados aos interesses da Meia Lua (Beni, Tarija, Pando e Santa Cruz), intensificaram os conflitos quando começaram a especular produtos alimentícios de primeira necessidade, Omar Fernandez, senador pelo MAS, propôs que o povo se organizasse para descobrir quem estava escondendo a comida e que essas pessoas fossem presas. Para contrapor a crise política, Evo Morales anunciou uma proposta de referendo revogatório para ele e para todos os governadores da Bolívia.

Nos últimos dias, Santa Cruz declarou-se autônoma, rompendo o vínculo legal com o governo central. O rompimento tem como fundo impedir a nacionalização efetiva dos recursos hidrocarbônicos, muito rico nessa região, e a desapropriação de terras para a reforma agrária. Porém, além dos interesses econômicos, Santa Cruz e os outros departamentos da “meia lua”, escondem um racismo intenso contra os indígenas.

A formação de Assembléias Constituintes por parte da Bolívia, Equador e Venezuela, para substituir suas Constituições obsoletas e antidemocráticas é um caminho a ser seguido por outros países da região. A intenção destes países para construir uma nova ordem institucional democraticamente consensuada, alcançando através desse procedimento legislativo um acordo social majoritário e sem exclusões, parte também da perspectiva de integração dos povos do continente.

Os andinos ventos da mudança, são bem vindos em terras brasileiras e apoiamos explicitamente todas às nações latino-americanas que demonstram ter o mesmo objetivo de contribuir para o avanço do melhoramento das condições de vida das pessoas. Apoiamos Evo Morales pela iniciativa de constitucionalmente renunciar à guerra como forma de resolver conflitos, e pela valentia para seguir o caminho da não-violência ativa na construção de uma nova América Latina Unida e em defesa da Humanidade.

*Esse texto é uma resposta ao editorial do NYTimes publicado em 6 de dezembro de 2007.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

A Reinvenção da Bolívia

Considerações

Há alguns anos aconteceram intensas manifestações que denunciavam a instabilidade do país.


Esses momentos turbulentos dos últimos anos derrubaram presidentes até chegar à eleição de Evo Morales para a presidência da Bolívia, em dezembro de 2005, que além de sinalizar um momento de efervescência político-social muito forte, clarifica uma disputa étnico-cultural singular: o país passou, grande parte das últimas décadas, dirigido por generais e por uma pequena elite branca. Em 182 anos de fundação da república é a primeira vez que um indígena chega ao poder no país.


Uma clara disputa ideológica marca o contexto atual da Bolívia, com elementos segregacionistas de alto teor, onde a classe média urbana propaga seus ideais através da mídia empresarial e se coloca do lado oposto aos campesinos e mineradores indígenas. Infelizmente as divergências políticas não se restringem à mera discussão e culmina em diversos conflitos em praça pública.


O conflito se estabelece num momento de reformulação das bases sócio-político-culturais, quando o presidente encabeça um processo de elaboração de uma nova Constituição mais democrática e popular, que pode ser determinante não só para o futuro da Bolívia, mas para a formulação de alternativas do exercício do poder na América Latina. Certamente, um movimento necessário para se discutir a emancipação tão sonhada do continente.

A “meia dúzia”

Apesar do trocadilho, falar da “Meia Lua” necessariamente implica em falar de uma minoria.

O fato político que deu contorno a esta divisão foi o referendo feito no ano passado acerca das autonomias departamentais. Os departamentos que votaram ¨sim¨ - Beni, Tarija, Pando e Santa Cruz – constituem a chamada ¨meia lua¨ e seus comitês cívicos e governadores são os maiores opositores do governo de Evo Morales. Eles formam o movimento autonomista, que, por detrás do bonito nome, esconde um racismo intenso contra os indígenas e ações de terrorismo contra os que discordam das suas opiniões. O braço armado é a União Juvenil Cruceñista (UJC), que persegue os movimentos sociais nas ruas sempre que estes se manifestam.

A oligarquia destas regiões é formada principalmente por latifundiários e empresariado e sempre esteve representada nos governos anteriores. Este setor não quer perder os privilégios que possuía antes do governo de Evo Morales como tamnbém da participação que possuem os movimentos sociais neste. A sua proposta de autonomia departamental inclui controle dos recursos naturais existentes em seu território e controle da política agrária em nível local, tudo isso sem a participação do governo nacional.


O povo

A Bolívia tem cerca de 62% da população indígena, compondo um mosaico de 38 etnias diferentes, formadas principalmente pelos aymaras e quechuas.

Essas diferentes nações viveram sempre em posições marginais à sociedade, excluídos do processo político, só garantiram seu direito ao voto em 1952.


Nas cidades, ao longe se vê morros e favelas. Como no Brasil, a periferia é relegada aos pobres e migrantes e são locais com precária infra-estrutura urbana. Falta água encanada, energia elétrica, assistência à saúde, escolas, esgotamento sanitário e no meio de tantas necessidades encontramos um poder organizativo muito forte.


O nível de politização dos bolivianos é notável, fato observável nas freqüentes marchas que tomam as ruas das cidades. Entre a maioria, excluída todos esses anos de um processo político-social justo e realmente democrático, existe o consenso no apoio à Evo Morales.


O homem do povo


Evo Morales, um aymara, pastor de lhamas quando criança e campesino cocalero quando adulto, hoje presidente de uma das nações mais ricas em recursos naturais da América Latina, luta para a efetiva mudança na sociedade boliviana.

Questionado sobre sua posição política, Evo responde: “(...) jamais de direita e de esquerda depende, porque na Bolívia há alguns chamados esquerdistas que são instrumentos do imperialismo norte-americano, sou humanista!”

Evo compromete-se em favor da vida e da humanidade, expressa sua rejeição a conflitos armados e à violência.


A Constituição

Como principal força de oposição ao governo, a atuação de representantes de terras orientais foi decisiva para a degradação política do processo constituinte que se iniciou no ano passado.

Mesmo sobre fortes pressões e ameaças, inclusive sobre a integridade física dos constituintes, o texto foi aprovado no último 09/12 e deverá ser submetido a referendo em janeiro de 2008.


O primeiro artigo da nova Constituição boliviana assinala: “A Bolívia se constitui em um Estado Unitário, Social, de Direito, Plurinacional, Comunitário, livre, autonômico e descentralizado, independente, soberano, democrático e intercultural. Funda-se na pluralidade e no pluralismo político, econômico, jurídico, cultural e lingüístico, dentro do processo integrador do país”.


O novo texto constitucional estabelece ainda, entre outras coisas, um modelo econômico conformado pelas economias estatal, comunitária e privada. A Carta Magna respeita a propriedade privada, sempre que esta cumpra uma função social.

Além disso, determina que os recursos naturais possuam caráter estratégico e são essenciais para o desenvolvimento do país. Assim, tais bens são de “propriedade e domínio social, direto, indivisível e imprescritível do povo boliviano, sendo o Estado o proprietário de toda a produção e o único facultado para sua comercialização”.

A nova Constituição cumpre sua função democrática e popular pela primeira vez na história da Bolívia, tratando de temas que vão desde a pluralidade cultural a recursos naturais, mas diferentemente das Cartas Magnas vigentes na América Latina, a Carta boliviana declara em seu décimo artigo:


I- Bolívia é um Estado pacifista que promove a cultura de paz e o direito à paz, assim como a cooperação entre os povos da região e do mundo, a fim de contribuir o conhecimento mútuo, o desenvolvimento eqüitativo e a promoção da interculturalidade com pleno respeito a soberania dos Estados;


II- Bolívia rechaça a guerra como forma de solucionar as diferenças e os conflitos entre Estados e se reserva o direito à legítima defesa em caso de agressão que comprometa a independência e a integridade do Estado;

III- É proibida a instalação de bases militares estrangeiras em território boliviano.”


Engraçado que a grande mídia noticia apenas o artigo da reeleição, e ainda a considera ilegal e ditatorial, mas ao contrário do que dizem a Assembléia Constituinte aprovou que o presidente da República só se permitirá reeleger-se por uma vez e que este poderá ser submetido a um referendo revogatório. Caso sua saída seja decidida pela população, o vice assumirá e convocará novas eleições no prazo de 90 dias.


*Para saber mais acesse: http://www.constituyente.bo/